ADFA saúda os 47 anos do 25 de Abril

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Os cravos vermelhos lembram o nosso sangue na Guerra Colonial

“Eu não canto o épico da guerra!
Não, não canto!
Eu canto a agressão
Que fui e suportei!”

António Calvinho, in “Trinta Facadas de Raiva”

A Associação dos Deficientes das Forças Armadas – ADFA e os seus Associados saúdam os 47 anos da Revolução do 25 de Abril, assumindo-se como a “geração da ruptura”, que regressou da Guerra Colonial magoada, ferida e doente.

Lembramos, com orgulho e brio, que muitos de nós participámos e vivemos a Revolução, nos seus momentos mais marcantes, nos seus antecedentes e na madrugada do “dia inteiro e limpo”, como Sophia, em 25 de Abril de 1974, dia que tanto esperávamos, e que celebramos hoje, virados para o futuro e para o que falta cumprir desse gesto libertador dos nossos Capitães.

Do sofrimento na Guerra Colonial, que atingiu, com o 25 de Abril, os seus últimos e dramáticos momentos finais, e nos Hospitais Militares nos quais até então estávamos escondidos pelo regime, vivemos com energia esse Movimento, esse Dia da Liberdade, e logo fundámos a nossa Associação, impedindo que fossem enterrados pelo esquecimento os nossos olhos, as nossas pernas e mãos, as nossas mentes, o nosso sangue e todo o nosso sacrifício por Portugal, como havia acontecido aos inválidos da I Grande Guerra, durante a “longa noite do silêncio”.

Emergimos e afirmámos a “força justa das vítimas de uma guerra injusta”, com a Democracia de Abril, na nossa própria aurora libertadora, encerrando o ciclo do Império, depois de 13 anos de estertor das mentalidades que submetiam o País ao silêncio, à censura e à pobreza nos mais diversos níveis.

Acreditamos que a República nãos nos abandonará, pois promove a reconciliação de Portugal com o seu passado, dignificando os que deram, em 25 de Abril de 1974, o seu grito de Liberdade e de Esperança, na busca de uma Cidadania até então adiada.

Em Abril, Portugal e a Democracia começaram a abrir-se à reabilitação e à reintegração dos deficientes militares, reconhecendo os seus direitos e honrando o sangue vertido na Guerra Colonial.

Viver Abril hoje é trazer para a Democracia aquela “força justa” de quem dá o seu testemunho como exemplo de Cidadania, entre as gerações mais jovens, que graças à coragem dos Capitães de Abril, já não suportaram nos seus corpos e mentes o medo, a fatalidade e as consequências da guerra.

Para que a História não se turve, para que a Memória não se apague, a ADFA e todos os deficientes das Forças Armadas não permitem que o esquecimento se instale. Gostamos de saber “que a liberdade está a passar por aqui”, como anuncia a canção de Sérgio Godinho, na festa associativa com que celebramos, com as nossas famílias e amigos, o dia em que a Revolução dos Cravos nos abriu as portas do futuro.

Viva o 25 de Abril!
Viva a ADFA!
Viva Portugal!

 
A Direcção Nacional da ADFA,
Manuel Lopes Dias
(Presidente)