“Eu nunca posso falar sentado para os membros desta Associação, que viveram de pé e se sacrificaram pelo que é a herança do nosso País num momento delicado”
Eduardo Lourenço, ADFA, 19 de dezembro de 2012
“Mais importante que o destino é a viagem”
Eduardo Lourenço (1923-2020)
A Associação dos Deficientes das Forças Armadas – ADFA, em dia de Luto Nacional decretado pelo Estado Português, manifesta profundo pesar pelo falecimento do Professor Doutor Eduardo Lourenço, prestando-lhe sentida homenagem, nas suas exéquias fúnebres, no Mosteiro dos Jerónimos, num momento de dor por ver partir um Amigo que partilhou, com mestria e humildade, o seu estudo e pensamentos sobre Portugal, também na Casa dos deficientes das Forças Armadas.
Numa Lição inesquecível, aquando da Conferência de Encerramento da Evocação dos 50 Anos do Início da Guerra Colonial, em 19 de dezembro de 2012, o Professor referiu que “o drama mais profundo pagaram-no aqueles que fizeram a Guerra Colonial e que foram encarregados de resolvê-la”, em palavras que expressaram reconhecimento e respeito, calando bem fundo nas mentes e nos corações dos que combateram e regressaram feridos, sacrificando ao País a sua juventude e vida.
A ADFA evoca, na memória de Eduardo Lourenço, um Sábio da contemporaneidade portuguesa, o mais importante ensaísta e crítico nacional, o filósofo e intelectual que foi distinguido com diversos Prémios nacionais e estrangeiros e agraciado por quatro Presidentes da República, sendo também designado conselheiro de Estado. Não morre para a ADFA a grandeza humilde de um homem que é motivo de orgulho nacional, pois nunca se alheou da realidade que o rodeava, na sua profunda capacidade de entendimento e crítica sobre Portugal e os Portugueses.
A Associação recorda o humanista que prefaciou o livro “Deficientes das Forças Armadas – Geração da Rutura”, editado em maio de 2017. Nesse gesto de atenção para com os deficientes militares e para com a Associação que é e será sempre o seu “porto de abrigo”, Eduardo Lourenço sublinhou que “a universalidade dolorosa do preço em sangue, sacrifício e mutilações dos nossos soldados merecia algo mais, como reparação pelo esquecimento a que durante longos anos foram votados. Qualquer coisa mais duradoura ainda do que os monumentos que logo após a nossa participação na Primeira Guerra Mundial foram dedicados aos que morreram. Em suma, um Memorial que o tempo não possa fazer esquecer”.
O Professor Eduardo Lourenço foi o pensador que, falando do Passado e do Presente, abriu Futuro, analisando a História e as mentalidades, vivendo criticamente a atualidade, a Cultura e o Humanismo com o alcance experiente de quem vê para além do olhar.
Num abraço de Solidariedade e de Cidadania, a ADFA saúda Eduardo Lourenço e o seu legado vital, apresentando sentidas condolências e profundo pesar à sua Família e a Portugal, por tanto que perdemos, na ausência física deste Amigo que é impossível esquecer.
A Direção Nacional da ADFA
Manuel Lopes Dias
(Presidente)