Sessão Solene do 44º Aniversário da ADFA
“Ninguém fica para trás”
Numa cerimónia de elevado tom associativo, a ADFA saudou 44 anos de trabalho ininterrupto em prol dos deficientes militares, na presença de muitas individualidades e representantes dos Órgãos de Soberania e de entidades civis e militares. Está agora em marcha o 45º aniversário.
Sob o lema “todos na primeira trincheira, ninguém fica para trás”, a ADFA celebrou o seu 44º aniversário, com uma Sessão Solene presidida pelo secretário de Estado da Defesa Nacional, Marcos Perestrello, no Auditório Jorge Maurício, na Sede Nacional, em Lisboa, no dia 14 de maio.
Salientando a importância da presença do general Ramalho Eanes, o representante do Governo afirmou que as reivindicações da ADFA “são justas, são reivindicações justificadas e são reivindicações que têm que merecer, por parte de Portugal e dos portugueses, uma resposta positiva”.
O governante referiu ainda que o Lar Militar “será, sem dúvida, uma das preocupações centrais dos próximos meses e estará no topo das preocupações da acção do Governo”, reconhecendo “o papel que os deficientes das Forças Armadas têm na sociedade portuguesa”.
Na mesa de honra da Sessão Solene estavam, para além do secretário de Estado, o deputado centrista João Rebelo, da Comissão Parlamentar de Defesa Nacional, os presidentes da MGAN e da DN, Joaquim Mano Póvoas e José Arruda, e o vice-presidente da DN, Manuel Lopes Dias, a quem coube uma alocução sobre o percurso associativo da ADFA. O presidente da MAGN apresentou boas-vindas ás altas individualidades presentes e convidados, entre representantes de entidades civis e militares, Delegações e associados, familiares e amigos.
Manuel Lopes Dias evocou o percurso da ADFA, evidenciando o tom associativo deste aniversário. “Fomos todos chamados a cumprir com a Pátria, no Serviço Militar Obrigatório, numa Guerra Colonial que nos foi imposta”, disse, explicando o mote “todos na primeira trincheira, ninguém fica para trás”, marca indelével do fundamento da ADFA e da sua coesão e força de 44 anos de vida. O dirigente nacional falou dos momentos-chave da vida da Associação, desde a fundação logo após o 25 de Abril, com rápida implantação nacional através da criação sucessiva das Delegações. Recordou também a primeira manifestação pública dos deficientes militares, em 23 de novembro de 1974, que trouxe também a público o jornal ELO, na ocupação do Palácio da Independência. Passou a memória pela Luta de Setembro de 75 e pela consequente publicação do DL 43/76, de 20 de janeiro, “a nossa «bíblia» que, no entanto, não incluiu todos”. Sublinhou o esforço ininterrupto da ADFA para que cada vez mais deficientes militares fossem abrangidos, em diversos estatutos (GDFA, GDSEN, etc.). “Não interessa as circunstâncias em que ficámos feridos: enquanto jovens, voltámos da guerra, feridos e marcados para sempre”, considerou, realçando o nome de alguns associados a quem não foi feita devida justiça, no resultado de um exército em movimento, numa guerra de 13 anos.
O aplauso fez-se ouvir quando foi referido o 10º aniversário da ADFA e a primeira vez em que um Chefe do Estado se fez representar na celebração da Associação. Saudando o general Ramalho Eanes, recordou a importância de que se reveste para a Associação o apoio do antigo Presidente da República, que não mais deixou de incentivar a ADFA.
Falando da ADFA e da sua intervenção social, nos âmbitos nacional e internacional, lembrou as iniciativas realizadas nos anos 80 e 90, o estreitar de relações institucionais com antigos inimigos dos PALOP, o crescimento e maturidade da Associação em torno da reivindicação dos direitos a cumprir para a plena reparação moral e material dos deficientes militares. Por fim, abrindo a perspectiva para o futuro e para a continuidade da “importante missão da ADFA junto dos militares de hoje e de amanhã”, Manuel Lopes Dias deixou uma referência ao mundialmente inovador PADM – Plano de Acção para Apoio aos Deficientes Militares, em que a ADFA se tornou parceira do Ministério da Defesa Nacional para que a dignidade e o exercício da plena cidadania nunca faltem aos deficientes militares.
A assistência aplaudiu várias vezes a intervenção do dirigente, uma vez que fez uma breve passagem por mais de quatro décadas de trabalho árduo e contínuo em prol do todo associativo e dos direitos dos deficientes militares em geral, nunca esquecendo a integração social da ADFA na sociedade portuguesa, em todas as suas vertentes. “Afirmámos a nossa cidadania e conquistámos a rua”, afirmou.
Na sua intervenção, o presidente da Direção Nacional, José Arruda, saudou todas as entidades e convidados presentes, e referiu a atenção que a ADFA dedica ao Lar Militar e ao trabalho que tem sido desenvolvido com a nova Direcção daquela importante estrutura de apoio aos deficientes militares, salientando também a “importante e corajosa posição do senhor secretário de Estado Marcos Perestrello, com o Despacho que assinou e que definiu as mudanças no Lar Militar”.
Cumprimentando os associados fundadores da ADFA nas pessoas de António Calvinho e de Lavouras Lopes, agradeceu a mensagem de confiança de Manuela Eanes e a presença do general Ramalho Eanes, “que nunca nos faltou e que nunca falta”.
Falando do caderno reivindicativo, referiu que já está na posse dos governantes. “Estamos empenhados para que essas prioridades sejam aprovadas”, assegurou. Contou ainda que, na audiência concedida à ADFA pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, foi feito o convite, logo aceite, para que o Comandante Supremo das Forças Armadas presida ao 45º aniversário da Associação.
Ao deputado João Rebelo, da CPDN, o presidente da ADFA dedicou palavras de saudação pela criação do Grupo de Trabalho junto daquela Comissão Parlamentar, sob presidência do deputado Miranda Calha. “Tudo o que temos foi conquistado passo a passo e garantimos a este Grupo de Trabalho e à CPDN que estamos disponíveis para trabalhar”. Ao secretário de Estado entregou duas cartas (de uma esposa de associado e de um associado) que evidenciam as injustiças ainda existentes.
Deixou uma palavra de apreço pelo empenho dos Órgãos de Soberania no diálogo com a ADFA e na abertura para a resolução dos problemas que ainda subsistem, com um abraço final para a ADFA e todos os seus associados e familiares, por mais um aniversário de vida associativa activa.
A cerimónia culminou na entrega de ofertas ao secretário de Estado e a diversas entidades, sendo entoado o Hino Nacional no encerramento da Sessão Solene.
O associado António Capela Gordo assegurou como “speaker” toda a Sessão Solene e disse também um poema, de sua autoria, alusivo ao momento festivo e à história da ADFA.
Após o acto solene, teve lugar a assinatura do Livro de Honra da ADFA, na sala da Direção Nacional, seguindo-se um Porto de Honra, com abertura e partilha do bolo de aniversário.